sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Horário do Tião: um ano e muita insatisfação

Neste dia 22 de Junho faz um ano que o Acre tem novo horário fruto da lei nº 11.662, de 24 de abril de 2008 de autoria do Senador Tião Viana. Algumas pessoas até já se acostumaram com a mudança, outras (a maioria) continuam insatisfeitas, igual a mim, que a cada dia me desacostumo ainda mais com o atraso do relógio. Meus filhos (três e seis anos), estudantes no turno da manhã, também diriam o mesmo. E a prova de que essa mudança foi deveras infeliz é cada comentário que se houve no dia-a-dia e os que são postados sob todos os textos que tratam do assunto em página da internet.

O Senador Tião Viana, que tem eficiente trabalho prestado ao seu Estado, por algum tempo ou por todo o tempo, carregará essa mácula em sua biografia. Foi, na certa, a maior voada de sua trajetória política, que talvez e inclusive, poderá melar suas pretensões ao Governo do Acre. Há quem já afirme que ele poderá não mais ser o candidato da FPA. Duvido!

Para complicar ainda mais o sono do Senador (o horário de Brasília não atrapalha seu sono) reaparece o fantasma da mudança de fuso horário mediante projeto do Senador Arthur Virgílio (PSDB – AM) que propõe que o horário de todos os Estados brasileiros seja regido pelo de Brasília, ou seja, o país com um só fuso. Resultado: acordaríamos de madrugada e o nosso sol se poria às 20:00hs.

A comissão de Assuntos Econômicos (CAE) já aprovou por unanimidade, na última terça-feira (16) o projeto de Senador Arthur Virgílio que busca instituir uma única hora legal no país. A proposta terá decisão terminativa no Senado na Comissão de Relações Exteriores para em seguida passar por votação na Câmara antes de virar lei.

O Senador amazonense justifica que essa unificação de horário reduzirá as desigualdades econômicas e sociais que há no país, pois permitirá às populações residentes nas regiões mais ocidentais ter plena participação na vida econômica da nação.

Considero justificativa falha. Se fosse tão fácil reduzir a pobreza de uma nação esse milagre já teria sido realizado há tempos e em todos os países. O jogo é outro e mais traiçoeiro.

Os EUA, a grande potência mundial, tem em seu território quatro fusos horários, nem por isso sua população é menos rica que a de Angola, cujo território possui apenas um fuso.

Até o argumento de que aquela mudança de horário - e essa que poderá vir - em breve traria um decréscimo no consumo de energia, é falho. Pelo contrário, as pessoas acordam mais cedo (tempo natural), as empresas abrem mais cedo, as luzes e máquinas, por conseguinte, são ligadas mais cedo, fazendo com que o consumo de energia só aumente.

O único argumento real é o financeiro. Na certa as grandes redes de TVs se beneficiaram. Os empresários da região também. Esses abrem seus estabelecimentos mais cedo, como manda o novo horário, e só fecham quando a noite vem. Ou seja, aumentaram no mínimo em uma hora o seu tempo de serviço explorando ainda mais os seus empregados que ganham nada a mais por esse acréscimo de horário.

Além do mais, essa(s) mudança(s) de horário pode(m) acarretar até problemas de saúde à população: perca de sono causa muitos males ao corpo; exposição ao sol pode acarretar até em câncer de pele – no horário de maior exposição ao calor as crianças e jovens estão indo às escolas, as pessoas ao trabalho, os braçais já estão na lida.

O Senador Tião Viana há tempos já percebeu a mijada fora do penico que dera por conta do “bendito” horário. E agora já propõe que a hora legal e única do Brasil seja unificada pelo horário da Amazônia. Nunca conseguirá! O povo do centro sul aceitará jamais tal mudança, ainda mais vinda de um Senador do longíquo Acre. Essa proposta não passará de um delírio.

Na verdade, o Senador deveria humildemente aceitar seu erro e acatar o referendo popular (em data fora da eleição pra Governo). Assim de sua biografia poderia ser extraída a enorme mácula que ali se pendura.

Continuo acreditando que o Acre merece sim um Governo de Tião (na certa seria positivo), mas também continuo com a idéia de que nosso Estado não carece do horário do Tião.

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